A Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-NOVA) apresentou ontem, na Fundação Calouste Gulbenkian, o projeto “Literacia em Saúde e Coesão Social em Populações Migrantes” e junta-se ao compromisso da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas de “não deixar ninguém para trás”.
O aumento significativo do número de migrantes no mundo, na última década, é hoje uma realidade com impacto na definição de prioridades ao nível das políticas públicas, a nível internacional. À semelhança de outros países europeus, Portugal tem-se constituído como região de destino de migrantes oriundos de diversas regiões e culturas, resultado em grande parte da melhoria do ambiente económico e com impactos positivos ao nível da renovação da demográfica, sendo a sua saúde um fator crucial para o processo de integração nas sociedades de acolhimento.
Os migrantes tendem a apresentar um bom nível de saúde na chegada ao país de acolhimento, no entanto, ao longo do tempo a situação reverte-se e os migrantes em geral apresentam taxas de incidência, prevalência e mortalidade por DNT’s mais elevadas do que a população nacional. As condições socioeconómicas, alterações nos estilos de vida, adoção de comportamentos de risco e as barreiras no acesso e utilização dos serviços de saúde são os principais responsáveis por esta disparidade.
Apesar de expostos a um maior risco para DNTs, estas comunidades necessitam de ser integradas nas iniciativas de prevenção, bem como de ver melhorado o acesso aos cuidados de saúde em tempo adequado.
“Estas situações têm impacto no funcionamento dos serviços públicos de saúde, consequências para a saúde pública e para o aumento das iniquidades, mas são evitáveis”, explica Sónia Dias, da ENSP-NOVA. O projeto “quer contribuir, de uma forma inovadora e com uma abordagem participativa de base comunitária, para a otimização da literacia em saúde, promoção da saúde e a coesão social para apoiar a prevenção das DNTs em populações migrantes”, conclui.
O projeto “Literacia em Saúde e Coesão Social em Populações Migrantes” conta a parceria da Direção-Geral da Saúde e a colaboração da OMS. É coordenado por Sónia Dias e Adalberto Campos Fernandes, e a equipa de Investigação liderada por Isabel Loureiro.
Consulte o Programa da Sessão.