Passada mais de uma década sobre a introdução do modelo de financiamento denominado de “preço compreensivo” no VIH em Portugal, investigadores da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP-NOVA) reconhecem que está na altura de refletir sobre o seu impacto e de avaliar se ele continua a dar resposta aos desafios atuais da pessoa que vive com VIH em Portugal.
Que estratégia de organização de cuidados é a mais adequada? Como é que o modelo de financiamento pode acompanhar a resposta aos novos desafios? Estas são algumas das perguntas que a ENSP-NOVA, em parceria com um grupo alargado de especialistas, se propõe analisar. “Todos os bons modelos deixam de o ser um dia. É uma evolução natural e desejável. Pretendemos agora saber se nos encontramos num desses momentos de mudança e, se assim for, por que caminhos deveremos seguir”, explica Ana Escoval, coordenadora do projeto de investigação da ENSP-NOVA.
O projeto propõe-se discutir o futuro dos cuidados de saúde no domínio do VIH assente em três elementos: base de evidência empírica clínica e económica; discussão multidisciplinar entre especialistas em torno dos desafios e do futuro da prestação de cuidados no domínio do VIH e, debate sobre que tipo ou tipos de modelo de financiamento permitem maximizar os ganhos em saúde no contexto do envelope financeiro disponível.
A par da integração de cuidados, um dos principais desafios, tanto para a pessoa que vive com VIH, como para as equipas de saúde, é o da morbilidade múltipla que deve ser gerida com o objetivo de proporcionar a melhor qualidade de vida possível à pessoa que vive com VIH, o que parece não estar ainda a ser atingido.
“O objetivo é promover uma discussão sustentada sobre o modelo de organização dos cuidados e da prática das equipas de saúde, orientada pela evidência disponível e por princípios de qualidade e equidade”, acrescenta Ana Escoval.
A ENSP-NOVA desenvolve desde 2011 investigação nesta área, através de vários projetos que têm permitido promover a discussão e aumentar o conhecimento em torno da organização e financiamento dos cuidados prestados à pessoa que vive com VIH. O projeto em desenvolvimento, que conta com o apoio da Gilead Sciences, propõe-se apresentar resultados em 2021.