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Estudo ENSP-NOVA mostra relação entre Covid-19 e nível socioeconómico dos municípios em Portugal

Publicado a 13/04/2021

Um estudo da ENSP-NOVA mostra relação entre a incidência acumulada de Covid-19 e o nível socioeconómico dos municípios portugueses. As áreas com mais desemprego foram as que mostraram, consecutivamente, maior propensão para serem afetadas pela SARS-CoV2.

“Estudos internacionais já haviam encontrado diferenças sistemáticas no número de casos e mortalidade pela infeção SARS-CoV2 de acordo com o nível socioeconómico. No entanto, para Portugal não existia ainda uma evidência muito clara dos efeitos serem distintos entre grupos socioeconómicos e a informação existente estava muito dispersa”, explica Joana Alves, investigadora principal.

Recentemente publicado na revista internacional European Journal of Public Health, o estudo Evolution of inequalities in the coronavirus pandemics in Portugal: an ecological study analisou quatro momentos diferentes da pandemia em Portugal: 1 de abril (durante o confinamento), 1 de maio (ao fim de um mês de confinamento), 1 de junho (um mês depois do confinamento) e 1 de julho (dois meses depois do confinamento) e mostra que são sempre os mesmos 20 concelhos, na sua maioria localizados na região norte litoral do país, os mais afetados.

O objetivo do estudo foi testar se as áreas mais afetadas pela COVID-19, determinadas pela incidência cumulativa de casos (novos casos por 100 mil habitantes), apresentavam um padrão socioeconómico distinto das restantes, tendo sido ainda encontrado uma relação entre estas áreas e as variáveis de desemprego e densidade populacional.

Estes resultados inquietam os investigadores, na medida em que o desemprego aumentou no início de 2021 em vários países da Europa e Portugal não é exceção. “Se é verdade que a Covid-19 não distingue estratos sociais, a realidade é que são as pessoas mais desprotegidas do ponto de vista social e económico, as que se encontram em maior risco de exposição à doença”, conclui a investigadora.

Os investigadores recomendam que o governo e autoridades de saúde estejam atentos às regiões com grupos populacionais mais vulneráveis, monitorizando e adequando as políticas às suas realidades específicas.

Consulte o estudo aqui.