A Escola Nacional de Saúde Pública contribui para ativar a Literacia em Saúde para responder às necessidades das pessoas e aos desafios do sistema de saúde com evidência e cocriação de soluções inclusivas e sustentáveis. A Plataforma colaborativa UNLOCK é lançada hoje com o objetivo de fortalecer a promoção da literacia em saúde e da cidadania participada.
O envelhecimento da população, a prevalência das doenças crónicas, o peso dos custos dos cuidados de saúde e o agravamento das desigualdades sociais pressionam o setor saúde em Portugal. Estudos recentes desenvolvidos pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP-NOVA) têm evidenciado desafios que persistem e são transversais a diferentes contextos, grupos da população e comunidades, incluindo as mais vulneráveis, aos quais é urgente dar uma resposta integrada.
Os níveis de literacia em saúde são insuficientes, não só na população em geral, mas também em grupos com maior fragilidade social como pessoas com doença crónica, com baixo nível socioeconómico, alguns grupos de migrantes e, surpreendentemente, nos estudantes do ensino superior. A navegação no sistema de saúde, o acesso a informação suficiente para tomar decisões, a adoção de comportamentos mais saudáveis e a relação com os profissionais de saúde, são alguns dos domínios mais problemáticos. Em particular, no âmbito da prevenção e gestão da doença crónica, a interação dos utentes com os profissionais de saúde é muitas vezes marcada por diferenças na perceção das necessidades reais, nos desafios vividos ou na avaliação do seu impacto, com potenciais implicações para uma autogestão menos eficiente da sua condição de saúde.
Para a ENSP-NOVA uma mudança efetiva do atual paradigma só é possível com uma cidadania informada e participada. Com uma equipa com mais de 20 anos de experiência na área da literacia em saúde e um conjunto de parcerias estratégicas sólidas, a plataforma UNLOCK pretende assumir um papel preponderante para uma sociedade cada vez mais inclusiva, saudável e sustentável, promovendo a cidadania ativa e a equidade em saúde. “Queremos contribuir na capacitação do cidadão para um acesso equitativo à informação e serviços, para uma navegação mais eficiente nos serviços e uma gestão cada vez mais efetiva da saúde e da doença”, explica Sónia Dias, Diretora da ENSP-NOVA.
Responder aos desafios complexos, atuais e futuros, da saúde pública implica realizar mudanças essenciais: “É urgente centrar a atenção na promoção da saúde, para além da gestão da doença, tendo como pressuposto a centralidade do cidadão e o envolvimento dos diversos atores multissectoriais. Precisamos responder às necessidades reais de saúde das populações, em especial as mais vulneráveis; criar contextos promotores de estilos de vida mais saudáveis; compreender de que forma podemos reduzir riscos ambientais e psicossociais; e como podemos tornar o sistema de saúde e os serviços mais responsivos e sustentáveis”, adianta Sónia Dias.
A plataforma UNLOCK pretende dar uma resposta diferenciadora a estes desafios, através do efetivo envolvimento das pessoas, comunidades e organizações na promoção da literacia em saúde e cidadania ativa. “Trata-se de uma plataforma multidisciplinar e colaborativa onde o trabalho é desenvolvido com abordagens participativas e parceiros multissetoriais, com o objetivo de gerar evidência em literacia em saúde para a tomada de decisão, mas também de cocriar, implementar e avaliar estratégias e soluções inovadoras e inclusivas, que tenham um maior impacto social e em saúde”, esclarece Sónia Dias.
O evento de lançamento da plataforma decorre no dia 22 de setembro de 2022, na Escola Nacional de Saúde Pública, e conta com a participação de Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, José Pedroso Diretor-Geral da Educação, entre outros convidados. O programa inclui também duas conferências, proferidas por Alexandre Quintanilha, deputado da Assembleia da República e Presidente do Conselho de Escola da ENSP-NOVA e por Richard Osborne, Consultor da Organização Mundial da Saúde para o Desenvolvimento da Literacia em Saúde.
A entrada é livre, mas requer inscrição prévia.