A União Europeia (UE) atribuiu 8 milhões de euros do Programa Horizonte Europa para financiar o NEMESIS, um projeto de investigação internacional que pretende investigar o efeito da exposição a produtos químicos presentes no ambiente, alimentos e em produtos de consumo sobre o sistema endócrino humano. A Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP NOVA) é responsável pela avaliação do projeto e pela comunicação de risco.
Nos últimos anos, a crescente preocupação com os efeitos nocivos dos produtos químicos presentes em diferentes contextos da nossa vida, pessoal e profissional (por exemplo, alimentos, cosméticos, detergentes, utensílios de cozinha, embalagens de alimentos e muitos outros) acelerou a investigação em torno desta temática.
No caso particular de produtos químicos que atuam como disruptores endócrinos (DE) – substâncias exógenas ao corpo humano e que interferem na síntese, secreção, transporte, metabolismo ou eliminação das diferentes hormonas – apenas recentemente foi comprovada a capacidade de alguns produtos químicos terem estes efeitos e a exposição tem sido associada, por exemplo, ao aumento da obesidade, do fígado gordo e da tolerância à insulina.
A UE está interessada em financiar investigação sobre este tema, para que os cidadãos possam ser protegidos pelo desenvolvimento de políticas baseadas em evidência científica sólida.
Com início em janeiro de 2024, o projeto NEMESIS (Novel Effect biomarkers for MEtabolic disruptors: Evidence on health Impacts to science and policy NeedS) incorpora um conjunto diversificado de metodologias de ponta. A interferência dos produtos químicos no metabolismo será investigada através da colaboração de diversos grupos de investigação localizados em diferentes países da EU e os mecanismos subjacentes aos efeitos adversos à saúde serão investigados usando métodos in vitro e in vivo.
Adicionalmente, o objetivo é aumentar o impacto dos resultados da investigação, aumentando a consciencialização dos cidadãos para os efeitos nocivos causados pela exposição a estes produtos químicos e para a forma como a exposição a estes produtos químicos nocivos pode ser evitada na vida quotidiana e nas decisões que tomamos como consumidores.
A Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP NOVA) é responsável pela avaliação do projeto e pela comunicação de risco, que tem por objetivo fornecer informação que suporte políticas e regulamentação para a redução da exposição dos cidadãos europeus a estes químicos. A informação será também disponibilizada aos cidadãos de modo a promover mudanças de comportamento e hábitos de consumo.
A equipa da ENSP NOVA, constituída pelas Professoras Susana Viegas, Cristina Godinho e Sónia Dias e pelas Investigadoras Carla Martins e Ana Gama, conta com uma vasta experiência na avaliação dos riscos associados à exposição a químicos em diferentes contextos, bem como em comunicação em saúde e mudança comportamental.
O projeto reúne investigadores de mérito de toda a Europa. A coordenação do projeto está a cargo da University of Eastern Finland. Além da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, são também parceiros no projeto a University of Oulu, University of Tampere, Karolinska Institutet, Hasselt University, Berlin Institute of Health at Charité, Aristotle University of Thessaloniki, Université libre de Bruxelles, Umeå University, NovaMechanics, Spanish National Research Council, Dr. Margarete Fischer-Bosch Institute of Clinical Pharmacology, and Foundation for Health and Biomedicine Research and Innovation of Asturias.