A forma como a Prestação Social tem sido implementada em Portugal tem permitido envolver verdadeiramente as pessoas e ter em consideração as suas preferências e necessidades, indo ao encontro dos cidadãos para conseguir as mudanças necessárias. Esta foi uma das principais ideias partilhadas pela diretora da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP NOVA), Sónia Dias, durante a reunião da rede Prescrição Social Portugal, promovida pela ENSP NOVA, e que decorreu na Unidade Local de Saúde S. José.
O encontro juntou várias Unidades Locais de Saúde, representantes municipais, de associações não-governamentais e da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), bem Julia Hotz, autora do livro “The Connection Cure: The Prescriptive Power of Movement, Nature, Art, Service and Belonging” e jornalista dedicada a temáticas relacionadas com a saúde e a Prescrição Social.
A diretora da ENSP NOVA reconheceu o desafio que é “operacionalizar iniciativas que promovam verdadeiramente a saúde das populações”, mas garantiu que a evidência que a academia tem reunido sobre a Prescrição Social demonstra que este deve ser o caminho para a construção de uma sociedade mais saudável nas suas várias vertentes. “Quem trabalha há muitos anos na promoção da saúde e na prevenção da doença, acredita verdadeiramente que a Prescrição Social pode fazer a diferença”, afirmou Sónia Dias, aproveitando a ocasião para agradecer o empenho de todos os profissionais envolvidos no projeto.
Para a diretora da ENSP NOVA, a capacidade de adaptação deste projeto às diferentes realidades faz toda a diferença nos resultados. “Ao contrário de outras intervenções que são rígidas e que obrigam um contexto a adaptar-se à sua intervenção, a Prescrição Social tem uma flexibilidade imensa para se adaptar às necessidades dos contextos e até aos recursos que existem nos contextos”, explicou.
Este trabalho com os vários parceiros tem promovido um crescimento sustentado da Prescrição Social, assente em vários modelos de governação. “O que fazemos é muitas vezes um trabalho colaborativo com os diferentes atores naquele território para perceber qual a melhor forma de adaptar esta iniciativa às suas necessidades”, adiantou a diretora da ENSP NOVA.
No total, já existem mais de uma dezena de iniciativas em todo o país, desenvolvidas em parceria com mais de 100 parceiros e com mais de 1500 pessoas referenciadas. Das unidades de saúde, às organizações do terceiro setor, passando pela academia e pelos municípios, têm sido vários os modelos implementados.
Recorde-se que, em abril, a ENSP NOVA promoveu o lançamento da rede Prescrição Social Portugal e disponibilizou o primeiro manual de Prescrição Social no contexto nacional. Pioneira nesta área em Portugal, a ENSP NOVA tem vindo a apoiar organizações e municípios, desde 2018, no desenho, implementação, monitorização e avaliação de iniciativas de Prescrição Social, agora em franca expansão no país.
A Prescrição Social é uma abordagem inovadora, que permite criar ligações entre as pessoas, os cuidados de saúde e os recursos de apoio existentes na comunidade para melhorar a sua saúde, bem-estar e qualidade de vida. É neste contexto que a ENSP NOVA está também a desenvolver o centro de conhecimento Prescrição Social Portugal, com vista a impulsionar a Prescrição Social no contexto nacional.
A Prescrição Social surge de uma necessidade real dos profissionais de saúde, quando são confrontados com desafios sociais, emocionais e práticos dos utentes que impactam na sua saúde e bem-estar, e as abordagens exclusivamente clínicas não são suficientes para responder numa vertente preventiva e de promoção da saúde.
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