A transformação dos sistemas de saúde é essencial para que os países continuem a conseguir responder às necessidades e expetativas dos cidadãos e para que continuem a ter bons resultados em saúde. “O pensamento da organização dos cuidados de saúde deve ter a ambição de uma transformação do sistema de saúde. É o único caminho para respondermos aos desafios enormes que temos”, defendeu a diretora da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP NOVA), explicando que a Academia pode ter um papel muito importante na implementação de medidas.
Sónia Dias falava na Assembleia da República, no âmbito de uma sessão comemorativa do 45º aniversário do Serviço Nacional de Saúde (SNS), organizada pela Comissão Parlamentar de Saúde, momento que aproveitou para elogiar o papel que o SNS tem tido e os resultados alcançados, mesmo com os desafios que são de todos conhecidos.
A diretora da ENSP NOVA lembrou o papel que a Escola tem tido na formação de lideranças e profissionais ao longo de mais de cinco décadas, sendo que em metade deste tempo foi mesmo o “braço de formação do Ministério da Saúde”.
Sobre o tema da sessão comemorativa, focada na organização dos cuidados de saúde, Sónia Dias lembrou que as alterações no perfil sociodemográfico e epidemiológico do país obrigam a uma transformação dos sistemas de saúde, o que passa por começar por alterar o próprio pensamento que está na origem da organização dos cuidados e por promover uma participação efetiva dos cidadãos e de outros setores.
“A setor da saúde, por si só isoladamente, não vai dar conta dos grandes desafios (…). Devemos ser mais ambiciosos e não nos focarmos apenas nos modelos de organização”, defendeu. “É preciso mudar o paradigma para deixarmos de ter o foco apenas na doença e no doente (…) e focarmos também a possibilidade de manter as pessoas saudáveis”, acrescentou.
Para Sónia Dias é fundamental que todos estejam envolvidos nas várias fases, como a decisão das políticas públicas, o desenho das estratégias, implementação e monitorização, sendo também importante assumir as falhas para haver uma progressão mais rápida. Neste campo, considerou ainda que a Saúde Pública é fundamental para repensar os sistemas de saúde e lembrou o White Paper recentemente publicado pela ENSP NOVA e por mais de 80 peritos nacionais e internacionais e que sintetiza as recomendações prioritárias para o futuro da Saúde Pública.
“A Academia pode ter um papel muitíssimo relevante na organização dos cuidados, procurando encontrar evidência que, desde o início, apoie a organização e os novos modelos ou avaliação do impacto (…). Mas a Academia também pode ter um papel relevante no estudo dos processos de implementação, para ver como estão a correr as medidas, os recursos que há e a que se deve o sucesso ou o fracasso das medidas”, disse a diretora.
