A diretora da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP NOVA), Sónia Dias, apresentou os resultados da implementação do projeto piloto de Prescrição Social desenvolvido nas USF da Baixa e Almirante, em Lisboa, um projeto inovador que tem vindo a transformar a forma como se promove a saúde e o bem-estar na comunidade. A sessão contou com a participação de especialistas, profissionais de saúde e representantes de entidades parceiras, que analisaram os resultados desta estratégia e debateram os próximos passos para a sua expansão.
A Prescrição Social é uma abordagem inovadora, que permite criar ligações entre as pessoas, os cuidados de saúde e os recursos de apoio existentes na comunidade para melhorar a sua saúde, bem-estar e qualidade de vida. A Prescrição Social surge de uma necessidade real dos profissionais de saúde, quando são confrontados com desafios sociais, emocionais e práticos dos utentes que impactam na sua saúde e bem-estar, e as abordagens exclusivamente clínicas não são suficientes para responder numa vertente preventiva e de promoção da saúde.
“Temos evidências muito claras de que a Prescrição Social está a melhorar significativamente a qualidade de vida dos participantes, especialmente entre grupos mais vulneráveis, como idosos em situação de isolamento ou pessoas com desafios na área da saúde mental”, destacou Sónia Dias durante a apresentação.
Os dados apresentados mostram que os participantes da Prescrição Social em Lisboa relatam melhorias significativas em diversos indicadores de bem-estar. Entre os principais resultados, destaca-se uma redução do isolamento social, com vários participantes a relatarem que a integração em grupos comunitários e atividades coletivas trouxe um novo sentido de pertença e propósito às suas vidas. A melhoria ao nível da saúde mental foi também apontada pelos participantes, tendo sido reportada uma redução se sintomas como ansiedade e depressão. Por outro lado, o programa contribuiu também para a promoção de estilos de vida mais saudáveis, ao promover a prática de atividades de exercício físico.
“Estes resultados reforçam a necessidade de expandirmos este modelo para outros territórios e regiões do país. A Prescrição Social não é apenas uma alternativa, mas sim uma resposta necessária para um sistema de saúde mais sustentável e centrado nas necessidades reais das pessoas”, reforçou Sónia Dias.
Apesar dos resultados positivos, ainda há desafios a superar para consolidar e expandir a Prescrição Social em Portugal. Um dos principais obstáculos identificados é a necessidade de reforçar a articulação entre as unidades de saúde e as redes comunitárias, garantindo que as recomendações feitas nos centros de saúde sejam efetivamente implementadas e acompanhadas.
Além disso, a questão do financiamento continua a ser uma barreira, sendo essencial que haja um compromisso político para garantir a continuidade e expansão do programa. “Precisamos de modelos de financiamento sustentáveis que permitam que esta abordagem se torne uma peça estruturante do nosso sistema de saúde, e que deixe se ser apenas um projeto-piloto”, sublinhou a diretora da ENSP NOVA.
A Escola Nacional de Saúde Pública tem desempenhado um papel central no desenvolvimento e avaliação da Prescrição Social em Portugal, contribuindo para a produção de conhecimento científico e a capacitação de profissionais para implementar esta abordagem. Na segunda parte do evento, Ana Gama, investigadora da ENSP NOVA, apresentou o novo curso sobre Prescrição Social que está a ser preparado pela equipa e que começará já em março, em resposta às necessidades sentidas no terreno pelas instituições e profissionais.
“Na ENSP NOVA, acreditamos que a inovação em saúde pública passa pela criação de soluções integradas, que coloquem as pessoas no centro do sistema. A Prescrição Social é um excelente exemplo de como o trabalho colaborativo entre instituições académicas, profissionais de saúde e organizações da sociedade civil pode gerar impacto real na vida das pessoas”, concluiu Sónia Dias.
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