Duração:
agosto – novembro de 2020
Investigadora Responsável:
Sónia Dias
Equipa:
Ana Gama, Ana Rita Pedro, Maria João Leote de Carvalho, Ana Guerreiro, Vera Duarte, Jorge Quintas
Entidade Financiadora:
Fundação para a Ciência e a Tecnologia – Research 4 COVID 19 | FCT 062
Sobre o Projeto:
A evidência sobre o impacto das medidas adotadas para combater a Covid-19 na violência doméstica (VD) em Portugal é ainda insuficiente. Neste contexto, o projeto VD@Covid19 procurou analisar a VD psicológica, física e sexual autorreportada durante a pandemia, desagregada por indicadores de género e socioeconómicos, bem como a procura de ajuda por parte das vítimas. O desenho do estudo levou a uma maioria de respondentes com ensino superior, o que permitiu incluir grupos sociais com menor participação estudos de VD.
Um inquérito online (abr-out 2020) revelou que, de 1062 respondentes, 13,7%(146) sofreu VD durante a pandemia, com 13%(n=138) a reportar violência psicológica, 1%(n=11) VD sexual e 0,9% VD física (n=10). A ocorrência de VD foi maior no género feminino. Verifica-se VD em diversos grupos etários e níveis educacionais, ainda que o reporte tenha sido superior nos mais jovens e nos que percecionaram maiores dificuldades económicas durante a crise pandémica.
Sentimentos de mal-estar e stress, bem como consumo de álcool, medicamentos ou drogas foram mais frequentes em quem reportou sofrer VD. Dos que reportam VD durante o período pandémico, dois terços tinham sofrido violência anteriormente (66%, n=97) e um terço (34%, n=49) só durante a pandemia. As vítimas que só reportam VD durante a pandemia têm maioritariamente ensino superior e não têm dificuldades económicas.
A proporção de pessoas que tem perceção de ter sofrido violência alguma vez na vida (21%) é muito menor do que aquela que reporta atos de violência sobre si (40%).
Do total de vítimas, 72%(n=90) refere não ter procurado ajuda e 28%(n=35) procurou ajuda, sobretudo junto de profissionais da saúde mental (n=26). Não procuraram ajuda, 86 (em 138) vítimas de VD psicológica, 6 (em 10) vítimas de VD física e 4 (em 11) vítimas de VD sexual. Os principais motivos para não procurar ajuda incluíram considerá-la desnecessária, que a VD ocorrida não foi grave, que a ajuda/denuncia não mudaria nada e sentir-se constrangido com o ocorrido.
Na consulta a 14 especialistas em VD foram propostas estratégias para maior compreensão deste problema de saúde pública, reforço das respostas na prevenção e combate e eficaz apoio às vítimas. Do projeto VD@Covid19 resultam recomendações a três eixos de atuação – Conhecer, Planear e Agir – contemplando o nível das políticas públicas, da intervenção técnica e dos/as cidadãos/ãs. É imprescindível investir em sistemas de apoio específicos a contextos de pandemia.
Consulte:
Relatório Final do Projeto VD@COVID19